Nesse encontro conseguimos ancorar o que nos levou até o Mito de Inana-Ereshkigal e a busca de cada uma por esse processo. A colaboração de todas trouxe boas reflexões.
Tivemos um tempo livre para nos conhecermos antes de iniciarmos a leitura.
Para aquecer, citei Joseph Campbell no livro Mito e Transformação para explicar a função e importância da mitologia.
“...o mito proporciona um campo em que você pode se situar. Esse é o sentido da mandala, o círculo sagrado, seja você um monge tibetano, seja o paciente de um analista junguiano. Os símbolos são dispostos à volta do círculo, e você deve colocar-se no centro. Um labirinto, obviamente, é uma mandala embaralhada em que você não sabe onde está. Para quem não tem uma mitologia, o mundo é assim - um labirinto. Essas pessoas tentam abrir o caminho à força, como se ninguém tivesse passado por ali antes.” (Pg 18)
Essa breve explicação nos traz uma imagem que revela muito bem o significado dos mitos. A partir de algumas reflexões, conseguimos ler a introdução e a versão do Mito contada pela Dra Cristiane Marino, pois é mais completa que a destacada no livro. No próximo encontro iremos iniciar no último parágrafo da página 19 e seguir para o subtítulo “Filhas do patriarcado”.
No nosso segundo encontro encerramos o primeiro capítulo e refletimos sobre o que “Filhas do Patriarcado” representa na vida de nós mulheres. Sobre a valorização de aspectos masculinos, “uma relação empobrecida com a mãe e a busca de inteireza através do pai ou homem amado.”
Também falamos um pouco sobre o TED O poder da Vulnerabilidade da Brené Brown que você pode ver aqui e o exemplo da descida de Brené através de sua pesquisa.
Discutimos o mito como imagem dos ciclos da natureza, de vida-morte-vida e transformação; como um processo de iniciação, em que Inanna se sacrifica ao atravessar os portões em direção ao mundo inferior e não retorna a mesma, ela conhece a morte e resgata a sabedoria feminina para volta ao mundo superior.
Essa sabedoria está relacionada a uma consciência não intelectual, que resgata valores reprimidos e conecta mundo inferior e superior. Apontando que muitos momentos dolorosos na vida, nos levam a entrar em contato com aspectos “sombrios”, representados em Ereshkigal, e nos levam a formação de uma nova consciência e transformação.
O mito revela um “padrão de saúde psicológica para o feminino - tanto nas mulheres como nos homens.” Nesse sentido, ele também apresenta uma direção em relação às necessidades de nossa cultura.
Iniciamos a leitura do segundo capítulo sobre as qualidade do feminino e a diversidade de aspectos que ele contém. Inana é a Deusa do Amor e também da Guerra, um mesmo elemento abrange o potencial de criatividade e também de destruição. Inana é soberana e livre e não trata seus filhos como amantes. Com o patriarcado os aspectos femininos foram reduzidos a maternidade, mas a maternagem de Inana é diferente. “Muitos dos poderes antes representados pela deusa perderam a conexão com a vida da mulher: o feminino apaixonadamente erótico e lúdico; o feminino multifacetado dotado de vontade própria, ambicioso, real.”
No próximo encontro, que será no dia 26/04, vamos retomar a leitura do capítulo 2 e nos aprofundarmos em Ereshkigal, a deusa escura.
No terceiro encontro concluímos a parte do segundo capítulo que fala sobre Inana. Aprofundamos a discussão sobre o efeito do patriarcado na vida da mulheres, sobre o quanto isso desencadeou uma desconexão das mulheres em relação a si mesmas. Um exemplo apontado pela autora foi a sensualidade, que foi sendo vista como prostituição ou então, maternalizada. “ O que também produziu fúrias frustradas, pois Inana inclusive é frequentemente demoníaca, quando vive inconscientemente em mulheres oprimidas pelo patriarcado.”
Assim, fizemos uma ponte com “a fome da alma” proposta por Pinkola-Estés, uma mulher que não se alimenta daquilo que pede a sua alma selvagem, carece de fome, e isso pode gerar vícios e relações de dependência, na tentativa de saciar a fome da alma. Nesse sentido, o mito de Inana nos apresenta um padrão arquetípico para o caminho de desenvolvimento da mulher.
“ Não foi pelo pecado da humanidade que Inana se sacrificou, mas sim, pela necessidade de vida e de renovação da terra. Ela está mais relacionada á terra do que ao bem e ao mal. Sua descida e retorno oferecem, todavia, um modelo para nossas próprias jornadas psicológico-espirituais.”
Finalmente, iniciamos a leitura sobre Ereshkigal, “ a força destrutiva e essencial para a transformação”. Ereshkigal, através da morte e do submundo, nos apresenta a organicidade da vida. Se entregar à morte no mito é um processo de transformação. O ódio e fúria de Ereshkigal são aspectos primitivos que, muitas vezes, descartamos na vida, mas que também precisam ter espaço. “As forças simbolizadas por Ereshkigal estão ligadas não apenas à destruição ativa, mas, também, à transformação, através daqueles processos lentos, de célula a célula, como a gestação e a decadência….essas forças impessoais devoram e destroem, incubam e dão à luz com impiedade implacável.”
Quando a vida é sentida como destrutiva, pois rompe com os padrões estabelecidos até então, pode estar surgindo um processo de transformação. Isso vai depender da maneira como essa “morte” será encarada.
Como vimos, Ereshkigal é um paradoxo e possui qualidades ligadas tanto a morte como a vida. No próximo encontro continuaremos as reflexões sobre ela. (trechos do livro estão em destaque entre aspas)
Na última sexta-feira tivemos mais um encontro de estudos do livro “Caminho para a iniciação feminina”. Para aquecer, iniciei com a leitura do poema “Trajetória” de Mary Oliver.
Falamos sobre a “força destruidora e essencial para a transformação” que está representada por Ereshkigal. Essa deusa não é apenas a sombra, como alguns dizem, ela é a morte que impõe o destino, o fim imposto pela vida. Quando Ereshkigal aparece, ela vem de forma destruidora, quebrando antigos padrões e estruturas. Você já passou por uma situação dessas, em que teve que abrir mão do que acreditava, do que era? Como reagiu?
Uma pessoa com um ego poroso, mais flexível e não rígido é capaz de encarar esses momentos de falta de controle sobre a vida de forma que a aparente destruição seja transformadora. Já a rigidez, a negação, a não aceitação, pode levar até a depressão e outros sintomas e doenças. No mito, Inana se entrega para a vulnerabilidade quando desce ao mundo de Ereshkigal, deixando para trás em cada portal algo que constituía sua imagem, a de deusa bela e soberana. De forma ativa, mas entregue a Ereshkigal, ao caminho proposto pela vida para a transformação.
Isso nos fez lembrar do TED da Brené Brown sobre vulnerabilidade e nos propusemos a pergunta: Você já se colocou em situação de vulnerabilidade? Ou sempre foi levado a ela sem consciência?
Lembre-se, Inana está ativa nesse processo. Ela aceitou correr riscos, não ter garantias do que iria acontecer, teve coragem de se render ao destino de forma ativa e criar uma conexão verdadeira com quem ela é. Antes de fazer a descida, Inana pede para Ninshubur que continue tocando tambor, o som que não a deixa esquecer de si mesma, mesmo entregue ao destino.
Portanto, “então quase sempre enfurecemo-nos ou negamos o que se passa, nos protegemos e distanciamos numa defesa contra o sentido da rendição irremediável às suas forças instintivas e impessoais, tentando abafar a humilhação heróica do ego ao ser trazido tão baixo, a ponto de termos de nos confrontar com a nossa insignificância original...somente um ato de rendição consciente poderá transformar em vida o lado venenoso da deusa escura.” (Pg.44)
As reflexões sobre Ereshkigal continuarão no próximo encontro…
Se você ficou com alguma dúvida, pode em escrever. Se quer vir conhecer o grupo, mande uma mensagem. Esse grupo é aberto a novas participantes.
Na “experiência analitica de Ereshkigal” a autora retrata alguns exemplos de sonhos de pacientes que estavam sendo convocadas a uma destruição dos ideais do ego e transformação profunda. Esse processo é muitas vezes assustador, sentido como agressivo e causador de depressão. A autora explica: “Só quando somos reduzidas às profundezas de uma dor e depressão que adormecem os sentidos, e nos reduzem ao caos e à emocionalidade atemporais e pré-verbais - a tudo aquilo que chamamos de horrível ou infantil, e que associamos às dimensões arcaicas da consciência - só aí descobrimos que a única deusa a ser servida e reverenciada é Ereshkigal. O contato com ela enraiza à mulher e aglutina sua potencialidade para confrontar o masculino e o patriarcado.” (p.47)
Nesse capítulo fica evidente a importância de se aproximar do inconsciente através dos sonhos para se relacionar com esse padrão do feminino representado por Ereshkigal. Portanto, faço um convite: compre um caderno e comece a anotar os seus sonhos, desenhe imagens para representá-los, dê um título a cada um deles. Se não tiver tempo de fazer tudo isso, faça apenas uma das coisas, mas permita que seu inconsciente se manifeste e encontre um caminho de expressão e conexão com a vida consciente e criativa.
Muitos sonhos assustadores podem anunciar uma necessidade psíquica de desconstrução dos ideais da consciência e do ego, que são sentidos como morte. É preciso dar espaço para o simbolismo dos sonhos na vida, para a metáfora, que Marion Woodman diz que é “a linguagem da alma.”
Refletimos também sobre a importância de se conectar com os sentidos através da percepção corporal. Quantas vezes seu corpo não está bem e você o medica sem se perguntar quais questões psicológicas ele está manifestando através daquele incômodo? Um dos relatos mais comuns é: “ me sinto muito ansiosa, mas não tenho tempo para cuidar disso e nem fazer coisas que me relaxam ou me dão prazer, por isso me medico.” Se medicar pode ser importante, principalmente nas situações de crise, mas vocês percebem que a própria frase já anuncia que é preciso de um pouco mais de tempo para cuidar de si mesmo, que separar um espaço de tempo seria um primeiro passo em função de diminuir a ansiedade? O corpo manifesta condições psíquicas, é preciso estar atento às sensações físicas e corporais para se conectar com sua própria vida.
Por fim, a autora destaca que esse aspecto feminino representado por Ereshkigal não está em oposição ao masculino, “não quer dominar ou mesmo resistir ao logos, mas exige reverência e respeito. Uma representação do feminino que não constrói um sistema de ataque, nem ultrapassa seus limites e exige ser reconhecida como força de igualdade”.(pg. 48) Destacando assim que cuidar para que o princípio feminino se manifeste na vida de uma maneira mais fortalecedora e saudável é também estar em dia com o princípio masculino. Isso tanto para mulheres como para homens. Se você ficou com alguma dúvida, me escreva. Nosso próximo encontro será dia 16/08 das 10h às 12h e está aberto a novas participantes.
No último encontro do Ciclo de estudos para a iniciação feminina finalizamos o capítulo 2 e o tema “os olhos de morte de Ereshkigal”. Partimos da importância dos olhos da mãe para o desenvolvimento do bebê; espelhamento, acolhimento, vínculo, separação, para compreendermos o olhar destrutivo de Ereshkigal para Inana e sua morte.
A autora lembra Jung ao comentar que esse olhar destrutivo, um aspecto “aparentemente” negativo do Self, favorece a individuação, pois tem a função de quebrar uma situação de inconsciência compartilhada e “singularizar e separar um indivíduo anteriormente fundido e identificado com seres amados” (pg. 50).
Nos remetendo também a assustadora Baba Yaga do conto de Vasalisa, que pode ser encontrado no Cap. 3 do Mulheres que correm com os lobos. Para cumprir sua jornada e resgatar o fogo da intuição, Vasalisa vai até a casa de Baba Yaga, que tem caveiras em volta. Cumpre tarefas assustadoras e volta para casa com o fogo aceso em uma caveira. Assim, Vasalisa recupera sua intuição e sabedoria e se dá o seu processo de iniciação.
Esses olhos “percebem com a objetividade própria da natureza e de nossos sonhos, escavando alma a dentro, para encontrar a verdade nua, e ver a realidade por trás de sua miríade de formas, ilusões e defesas.” (pg. 51)
Para o desenvolvimento da mulher, esse olhar de Ereshkigal é essencial para que ocorra uma desidentificação com aspectos do masculino patriarcal, pois “somos bem adaptadas a uma sociedade de orientação masculina, e acabamos por repudiar nossos próprios instintos e energias mais integralmente femininos, rebaixando-os e deformando-os da mesma forma que nossa sociedade o fez” (pg. 15) Perera afirma que “essa visão pode parecer monstruosa, feia e até petrificadora (como os olhos da Medusa) para o não iniciado, pois separa-nos de nossas defesas e prepara um sacrifício das fáceis compreensões coletivas e das esperanças e expectativas de termos uma boa imagem, boa aceitação.” (pg.52)
Deixar morrer essa consciência de mundo patriarcal e também começar a viver a vida de uma nova maneira, exige sacrificar as ilusões. Se aproximar da amplitude de significado e sentido da vida, seus paradoxos e ciclos; sustentar um lugar no mundo de conexão consigo mesmo e não de agradar os ideais sociais ou dos outros. Isso gera grandes mudanças e também dor e sacrifício. A autora exemplifica o tema através de casos clínicos e nos faz pensar sobre o feminino em nós. Despertando a pergunta: o que as mulheres desejam em seu íntimo, não através de convenções sociais? Também destaca a importância de analistas e terapeutas sustentarem esse olhar, que pode sim gerar sofrimento ao paciente. Entretanto, se o analista sente medo de ser julgado, se petrifica e se coloca apenas no lugar de “mãe boa”, deixa de valorizar esse aspecto feminino de autoproteção e transformação. Não trabalhando a favor da iniciação, em que Inana incorpora os olhos da morte.
Iniciamos a leitura do Capítulo 3 em que a autora discorre sobre o sofrimento como uma parte de importância significativa no princípio FEMININO. Ela traz a visão do SOFRIMENTO como uma maneira de ACOLHER a vida, esse olhar para o sacrifício, a dor, permite uma compreensão da vida como CÍCLICA. Quando tentamos viver apenas no sucesso e prazer, NEGAMOS que o que dói, o que nos paralisa, também é parte do que vivemos, o que gera ainda mais sofrimento. Afinal não há nadador treinado que suporte passar uma vida nadando contra a correnteza, não é mesmo? Com isso, a autora quer dizer que muitas vezes na VIDA é preciso aceitar a condição de IMPOTÊNCIA diante do que se impõe. “Onde tudo o que sabemos fazer se revela inútil, não havendo nenhuma saída clara para o desespero. A única coisa que podemos fazer é aguentar, quase inconscientes, mal suportando a dor e a impotência, suspensas como num encalhe acima da vida, até, ou se por acaso, um ATO de graça chegar com uma nova SABEDORIA” (Pg. 59). Através de alguns exemplo da autora e de casos clínicos, pudemos perceber que esse momento é “potencialmente iniciatório”, pois através da aceitação da impotência, surge a possibilidade de gerar uma nova CONSCIÊNCIA. Nos lembramos de diversos exemplos em que o não enfrentamento da dor, a negação, a repetição do mesmo comportamento, vai levando a um sofrimento ainda maior. Enquanto “enfrentar a realidade da dor” é o que desperta uma nova consciência. Um outro ponto de vista apresentado foi que estar presa ao poste de Ereshkigal é um momento de fixação e integração da MULHER em uma consciência mais ativa feminina, chamada pela autora de yang feminino. Essa comunhão da mulher com o feminino também pode ser vivenciada através do reconhecimento das percepções do corpo; “a submissão às experiências do corpo são uma maneira de a mulher estar fixa a experiência concreta: pregada na realidade para encontrar firmeza em sua própria posição” (pg. 62). Finalizaremos o capítulo e discorreremos um pouco mais sobre isso no próximo encontro que será no dia 18/10.
Na última sexta tivemos encontro do grupo de leitura do livro “Caminho para a Iniciação Feminina”. Iniciei com a leitura de um texto de Álvaro Siviero chamado “Música e Identidade: a canção dos homens” (acesse clicando no título do texto), em que ele fala sobre a importância de ENCONTRARMOS a nossa MÚSICA, aquela canção que nos faz relembrar quem SOMOS. Tanto nos momentos difíceis, como naqueles de alegria e/ou de mudanças. De forma poética esse texto nos lembra que durante a “DESCIDA”, ou “MORTE SIMBÓLICA”, muitos aspectos de nós são deixados no caminho, coisas inclusive que não nos servem mais, mas que também resgatamos o que somos nessa TRAVESSIA, é um caminho em que você pode se sentir despedaçada, mas que faz parte do RESGATE de si mesma, de um RECONHECIMENTO de quem é, de reencontrar a sua música.
Terminamos de ler o cap.3 sobre o momento em que Inana está morta presa ao poste e Ereshkigal sentindo as dores do parto. Segundo a autora, um momento de dor e de conexão com uma força “yang feminina”. “A fonte agora é o interior e, portanto, não há necessidade de procurar valorização indiscriminada ou masoquista fora de si mesma, nem de tentar tornar amigável o mundo a sua volta para conseguir apoio, ou de amansar os outros em busca de recompensa.” (pg64) Já no cap. 4, através de alguns exemplos de caso a autora fala sobre a deusa bipolar, os dois pólos representados por cada uma das irmãs e que precisam ser integrados pelas MULHERES. “ O mito nos diz que não é patológico ser inconstante...Muitas mulheres ficam enroscadas na parte separadora do ciclo, e reagem negativamente e cheias de culpa à sua aparente impiedade, caindo em depressão. Ou, então, agarram-se a alguma coisa que ainda oferece relacionamento, mesmo quando esta soa falsa e como um desserviço à sua própria inteireza. E fazem isso por não conseguirem reconhecer o núcleo bipolar da TOTALIDADE.” (pg. 70) Reflete também sobre como muitas mulheres inconscientemente se identificam com a mãe de forma negativa e como reconhecer as características da mãe em si mesma é importante para o DESENVOLVIMENTO e a transformação na volta ao mundo de maneira mais criativa e CONSCIENTE. Para auxiliar as reflexões que a leitura do livro desperta, relembrei algumas perguntas propostas por @clarissapinkolaestes em #mulheresquecorremcomoslobos :
Como se pode viver no mundo da superfície e no mundo subterrâneo ao mesmo tempo e na vida do dia a dia?
O que precisamos fazer para descer até o mundo subterrâneo sozinhas?
No último encontro iniciamos o capítulo 5, em que a autora fala sobre a “descida, o sacrifício e a transformação.”
Nesse trecho ela dá luz ao fato de que um processo de transformação envolve abrir mão do que fomos para criar espaço para o novo. Por isso, muitos deles são acompanhados de depressão, crise de ansiedade, sofrimento.
Quantas vezes você se manteve em sofrimento por medo de perder uma forma de vida conhecida?
Mudar envolve encarar quem você é, não ficar apenas “com o que fizeram com você”, mas com encarar as crenças, padrões, pensamentos aos quais você está ligada e te orientam psiquicamente. Deixar de idealizar pessoas, mas não apenas isso, deixar de criar “fantasias falsas” a respeito de si mesmo. Nessa descida “as coisas que antes sustentavam o ‘ego-animus’ não podem mais funcionar.” (pg80) Assim, a autora também faz uma relação entre os ideais patriarcais que estão atuando na psique da mulher e que precisam perder força, ser desidealizados, reconhecidos pelas suas características e pelas influências que causam na vida, para serem transformados.
Perceber que os aspectos que antes orientavam a sua personalidade e atitudes não favorecem a sua vida, exige um sacrifício das ilusões. Esse é um processo de luto, de despedida, de “lamentar as perdas”. Do que você precisa abrir mão para mudar?
Nesse encontro refletimos sobre a descida como forma de regressão terapêutica, sobre esse tempo de introversão psíquica em que ocorre uma regressão e o contato do ego com uma consciência mais primitiva. “ A volta à mente-corpo e aos estágios pré-verbais do útero-túmulo, em busca do feminino profundo, da “mãe-dupla” de que fala Jung” (87). Para quem atende em consultório, “como portador das projeções arquetípicas, deve aceitar os sentimentos e necessidades profundamente individuais do outro, dando-lhes mais importância que as convenções coletivas abstratas e impessoais.” (89)
No capítulo seguinte autora destrincha o processo de redescobertas e encontro com o “si-mesmo” através do despir-se de Inana, ela retirou sua coroa e outros adereços em cada portal da descida, ela chegou nua diante de sua irmã. Estar nu é estar exposto e ao mesmo tempo se revelar. “Inana submete-se ao abandono das velhas identidades, reduz-se a matéria prima e depois renasce.” (92) O fim do ano está chegando e com ele o fim de um ciclo, você está disposto(a) a abrir mão de velhas identificações que não lhe cabem mais e dar lugar ao novo em sua vida? O que não te serve mais?
Em março de 2020 voltaremos com o grupo e as boas reflexões que este mito promove. Novas participantes são sempre bem-vindas.
#psicologathalitaarruda #despertarcriativo #caminhoparainiciacaofeminina #estudantesdepsicologia #desenvolvimentohumano #psicologiaparaestudantes