Muitos me perguntam o que é a terapia de família. Qual seria a diferença entre uma orientação a pais e um atendimento familiar? São os menores de idade e suas famílias que são encaminhados para a terapia familiar?
Começo respondendo que a terapia de família é para todo mundo, filhos adultos e seus pais, crianças, casais, ela abrange todo os modelos de família.
Como terapeuta familiar, compreendo que cada membro de uma família faz parte de um sistêmica único, que tem seu funcionamento próprio e, apesar da individualidade de cada pessoa, estão todos em relação.
"Nós construímos o mundo de forma diferente, e esta diferença encontra-se enraizada em nossas relações sociais, a partir das quais o mundo se tornou o que é. " (Gergen, Kenneth J.)
De maneira geral, as famílias chegam para a terapia encaminhadas por um médico ou terapeuta, pois um de seus membros - aquele que apresenta um sintoma (físico, psicológico) - revela a necessidade deste grupo rever seu modo de funcionamento e suas relações.
Também é possível que as famílias cheguem por uma demanda de todos em lidar com alguma situação que esta sendo vivida.
As sessões ocorrem com a presença de toda a família, e assim o terapeuta oferece seu olhar e sua escuta como ferramenta para ampliar a percepção da família sobre seu modo de ser, suas crenças, paradigmas, rever papéis e as possibilidades de mudança.
A psicoterapia é um processo realizado através de atendimentos individuais, com o intuito de proporcionar reflexão e novos sentidos às situações vividas. Muitas pessoas procuram um psicólogo em momentos de crise, quando ocorre alguma mudança significativa na vida, ou até mesmo quando decidem que querem mudar algo. Sentimentos e emoções recorrentes também despertam a busca pela psicoterapia.
Na psicoterapia o paciente deve se envolver com seu movimento interno em busca de uma ampliação da consciência. Esse processo se desenvolve através de sessões semanais em que o psicoterapeuta busca, junto com o paciente, encontrar novos caminhos para lidar com a vida e o que ela desperta.
Para a psicologia analítica de Carl Gustav Jung (1875-1961) o inconsciente é criativo e têm aspectos que influenciam a consciência. O inconsciente pode ser compreendido através de sonhos, imagens . O acesso aos aspectos inconscientes é uma fonte rica para a maturidade emocional e psicológica. Esse diálogo permite a abertura para o desenvolvimento e ampliação da consciência.
Cada indivíduo carrega e constrói a sua história, considerando o que é singular a cada um, esse caminho psicoterapêutico vai sendo criado de acordo com a demanda de quem o procura. A busca por um processo de psicoterapia faz parte de um investimento em si mesmo, de uma busca por mudança e de uma maneira melhor de lidar com as dores e alegrias da vida.
A psicoterapia pode ser uma necessidade também de crianças e/ou adolescentes. Esses casos podem ser encaminhados pela escola ou pelos pais.
Para o atendimento de crianças são utilizados recursos expressivos e brincadeiras (ludoterapia), além disso, é realizado acompanhamento familiar e escolar.
Para a Teoria sistêmica, abordagem que compreende a família como um sistema que tem seu modo próprio de funcionar, a relação entre todos os integrantes da família é fundamental para o processo psíquico de cada um deles.
O trabalho de um terapeuta de família em um atendimento infantil, envolve acompanhar toda esta família. Compreender a criança, seu desenvolvimento psíquico, sua história e acolhê-la, é parte do processo, mas também compreender a forma como se dão as relações entre as pessoas da família, nos ajuda a aprofundar o olhar e perceber o que da família tem a ver com o sintoma que a criança manifesta.
A Arteterapia e as Expressões Criativas podem ser utilizadas em sessões individuais assim como em grupos vivenciais, de acordo com o desejo e processo de cada um.
As técnicas expressivas proporcionam um envolvimento com a vida interna, seus sentimentos, emoções, memórias, histórias e afetos. Isso ocorre porque através de recursos artísticos (tinta, argila, colagem, histórias, etc) os símbolos do inconsciente são expressados e ganham vida externa. A expressão e o diálogo com essas imagens contribuem para que se encontrem novos jeitos de lidar e olhar para o que há em nós e no outro, resignificando a vida e colaborando para o desenvolvimento psicológico e emocional.
"...o fato de pintar um quadro o liberta de um estado psíquico deplorável, para que ele lance mão desse recurso cada vez mais que seu estado piora. O valor dessa descoberta é inestimável, pois é o primeiro passo para a independência...o paciente pode tornar-se independente em sua criatividade. Ao pintar-se a si mesmo - digamos assim - ele está se plasmando. O que pinta são fantasias ativas - aquilo que está mobilizado dentro de si. Agora há um sentido novo, que antes lhe era desconhecido: seu eu aparece como objeto, como objeto daquilo que está atuando dentro dele." (Carl Gustav Jung)